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Capítulo 6 Crise da história ou desafios da pós-modernidade:
desconstruindo o cronótopo moderno da História

Pintura colorida. O cenário da pintura é uma praia deserta. Ao fundo é possível ver o mar na cor azul claro, grandes rochas em cor amarelada. A frente do lado esquerdo há relógios derretendo.
FIGURA 1: A Persistência da Memória, Salvador Dalí, 1930

A condição pós-moderna, obra publicada em 1979 por Jean-François Lyotard93, traduziu um conjunto de experiências no campo das artes e dos saberes, bem como uma reação à modernidade que, de pensamentos e autores difusos, definiu um epicentro para a pós- -modernidade. A rigor, desde meados de 1945, a sociedade ocidental acompanhou o surgimento de diferentes manifestações que abalariam as bases dos saberes e das artes. Controvertida e incapaz de traduzir um pensamento uniforme, pós-moderna, contudo, é uma condição e uma expressão que consegue traduzir um conjunto de problemas que desafiam o pensamento moderno e o racionalismo iluminista. Ao otimismo do progresso, avizinha-se a face do ceticismo e de um futuro incerto. À convicção pela razão e pela verdade, estaríamos de novo entregues às paixões, Jean-François Lyotard (1924-1998) foi um filósofo francês e um dos mais importantes pensadores na discussão sobre a pós-modernidade. Autor dos livros A Fenomenologia (1954), A Condição Pós-Moderna (1979) e O Inumano (1985).

Fotografia preta e branca. Busto de homem de meia idade, cabelo branco curto. Usa óculos redondo de metal, camisa social branca por baixo de um blazer preto. A mão esquerda está na altura do queixo e ele olha para o lado esquerdo.
FIGURA 2: Jean Francois Lyotard

Essa reação e esse conjunto difuso de movimentos na literatura, no cinema, mas também nas ciências sociais, representou o questionamento das chamadas metanarrativas ou paradigmas, assim como a descentralização radical do sujeito. Os mestres da suspeita, como chamou Ricoeur, foram Nietzsche, Freud e Einstein, afinal eles revolucionaram o mundo contemporâneo.94 De qualquer modo, é impossível não incluir nessa lista nomes decisivos como os de Heidegger, Foucault e Derrida.

Desde a década de 1980, a partir daqueles autores mais fundamentais, a pós-modernidade alcançou um lugar na crítica ao pensamento no interior das humanidades. Ao lado do marxismo, talvez esses autores vinculados ao que se denominava pós- -modernidade foram os mais duros críticos das metodologias e abordagens tradicionais empregadas no sentido da produção de um conhecimento creditado como objetivo. Aos poucos, o termo obscuro e temido por muitos intelectuais se tornou central, imprimindo um conjunto expressivo nas práticas científicas no interior das Ciências Humanas. Na esteira do debate que provocou, acumularam-se muitas questões, dentre elas, a crise da história.95

Para se compreender o significado da pós-modernidade ou da temporalidade pós-moderna, é necessária uma investigação sobre as condições que permitiram o estabelecimento do problema. É difícil precisar o momento exato da emergência do problema acerca da pós-modernidade. Entretanto, é consenso que o problema se aprofundou durante os anos 1980 e teve seu agravamento na década de 1990. Depois de muitas décadas de crença irresistível nas premissas científicas, os historiadores começaram a colocar em xeque suas premissas epistemológicas (de real, de verdadeiro, de objetivo, dentre outros) e também a questionar suas práticas metodológicas (os dados conseguem refletir o real ou seriam capazes de iluminá-lo?). Esses debates foram levados à exaustão e causaram uma série de conflitos e polêmicas entre historiadores ocidentais. O ápice da querela ocorreu na tradição historiográfica anglo-americana. No centro do problema estavam o status e as possibilidades da produção de conhecimento histórico frente às já sedimentadas discussões advindas da tradição filosófica pós-estruturalista. Afinal, o passado seria apenas texto?

Filosofia e a história: uma relação difícil

Como vimos, a História enquanto conhecimento científico e acadêmico se estabeleceu no início do século 19. E esse século assistiu a uma verdadeira revolução científica da História e das demais Ciências Humanas como a Economia, a Antropologia, a Sociologia ou a Psicologia.

Segundo o historiador José Carlos Reis em seu livro História, entre a filosofia e a ciência96, a História se estabeleceu enquanto ciência negando seu aspecto filosófico. Esse processo se deu por um escamoteamento da dimensão filosófica do conhecimento histórico. O autor destaca a concepção velada de uma filosofia no conhecimento histórico. Nesse sentido, a própria identidade do historiador se constituiu a partir da negação da identidade de filósofo em favor de uma identidade de cientista.

Tal prática na origem se perpetuou como um vício na consciência dos historiadores. Ainda que os filósofos continuassem a debater o conhecimento histórico e propor suas filosofias da história, os historiadores continuavam a ignorar os filósofos. À História não interessava o diálogo com a filosofia. E isso acontecia para se manter intocado o status científico da História.

As filosofias da história continuaram a ser produzidas pelos filósofos à revelia dos historiadores. Hegel foi o primeiro a sugerir formalmente o conceito de filosofia da história. Uma prática que se perpetuou em Marx, depois em Sartre, entre outros. O que eram as filosofias da história? Eram hipóteses gerais sobre as leis que regiam o fluxo da história, ou seja, os mecanismos e engrenagens que faziam a história se mover. Que impunham um sentido para a marcha da humanidade, tanto na acepção de finalidade quanto na de essência ou teor. Todo filósofo que se propunha a pensar o conhecimento histórico tinha por hábito sistematizar uma filosofia da história, afinal, traduzir a marcha da história significaria, em outras palavras, conhecer a própria essência da humanidade.

Os historiadores foram desde sempre ferozes adversários das filosofias da história no século XIX. Era praticamente proibido debater e utilizar parâmetros filosóficos nos debates historiográficos. A solução para evitar as filosofias da história era o apego ao método narrativo e a sustentação documental das narrativas produzidas. A primeira denúncia contundente à necessidade ou não da história para se conhecer a realidade surge da obra do filósofo alemão Friedrich Nietzsche.97 A partir dele surgiram reflexões ainda mais efetivas de recusa à racionalidade ou à reivindicação da objetividade por parte dos saberes.

No século XX, por sua vez, os historiadores não gozariam da mesma sorte. A filosofia lançou sistematicamente questões sobre o conhecimento histórico que obrigaram os historiadores a abandonar sua zona de conforto epistemológico, colocando em dúvida aquilo que seriam as suas ilusões de cientificidade. Ou seja, suas fragilidades epistemológicas. No início do século XX, a emergência da linguagem e da semiótica deram a largada para as reflexões que se tornariam a pedra no sapato dos historiadores.

De Wittgenstein a Saussure, de Nietzsche a Heidegger, cada vez mais a relação do pensamento com o real passou a ser reduzida a uma operação linguística. A linguagem seria o veículo que permitiria a própria existência do real e da razão. Dessa relação surgiria a denúncia de Michel Foucault sobre os níveis de colamento e de descolamento entre as palavras e as coisas, sua constatação de que os discursos são mobilizados para construir as verdades sobre o mundo e sobre o homem.98

Fotografia preta e branca. Busto de homem de meia idade, cabelo branco curto e bigode grande. Está sentado em uma cadeira de madeira, virado para o lado esquerdo. Usa camisa social branca de manga longa por baixo de um terno preto e está com as mão juntas sobre o colo.
FIGURA 3: Ferdinand de Saussure.
Fotografia preta e branca. Busto de homem adulto, cabelo curto e bigode grande. Usa camisa social branca por baixo de um terno preto e um lenço amarrado no pescoço.
FIGURA 4: Friedrich Nietzsche.

Desse debate sobre o papel da linguagem erigiu-se uma nova fortaleza, reforçando o arsenal da hermenêutica: a semiótica. Sua função é entender a dinâmica da linguagem. Ou seja, compreender como as palavras se relacionam entre elas e ao mesmo tempo, entender como elas dão significação as coisas. A semiótica é a ferramenta que permite a compreensão da estrutura das linguagens e da comunicação. O idealizador da semiótica foi Ferdinand de Saussure em seu estudo Curso de linguística geral.99 Saussure propõe em seu estudo que a linguagem é composta de duas dimensões, a linguagem falada (fala) e a linguagem escrita. Essas duas partes compõem a linguagem e permitem uma compreensão estrutural da linguagem. Essa estrutura, porém, revela não só os mecanismos linguísticos para Saussure, mas também é capaz de mostrar a estrutura social e cultural dos homens. De forma que seria possível – ao problematizar a relação da linguagem escrita com a linguagem falada – compreender objetivamente os homens e suas dimensões econômicas, sociais e culturais.

Saussure não avançou no estudo e nas práticas semióticas, mas suas ideias seduziram intelectuais mais jovens, que levaram a cabo o projeto intelectual de Saussure e o radicalizaram. Nomeados de estruturalistas – por admitirem a possibilidade de compreender as coisas a partir da linguagem, tal qual Saussure –, eles avançam sobre os mais diversos campos de conhecimento das humanidades. Na filosofia, Althusser produziu o estruturalismo marxista e propôs explicar as contradições socioeconômicas do capitalismo a partir de suas estruturas. Na antropologia, Lévi-Strauss tentou entender as estruturas culturais a partir da investigação das sociedades primitivas e os povos indígenas. E na psicologia, Lacan introduziu as concepções estruturalistas nas problemáticas da psicanálise.100

O estruturalismo também afetou a história. Em seu livro Pensamento selvagem101, Lévi-Strauss faz duras críticas à ausência de um método consistente na produção do conhecimento histórico. Apesar de a historiografia ocidental ter, desde o período do entreguerras, feito críticas às práticas historiográficas ortodoxas do século 19, e também ter tido uma abertura ao diálogo com outros conhecimentos, na prática a historiografia continuava com seus vícios, como a crença no poder de explicação das narrativas. A História ainda se via como um conhecimento específico e científico, pouco preocupado com os debates correntes nas outras humanidades.

Esse fechamento se seguiu até meados dos anos 1960. Desde então, os historiadores tentaram aos poucos integrar e responder aos questionamentos epistemológicos que emergiam das outras áreas das humanidades. E esse debate se acirrou propriamente com a ascensão de uma nova corrente intelectual, o pós-estruturalismo.

Pós-estruturalismo, hermenêutica e virada linguística

O pós-estruturalismo é o filho bastardo do estruturalismo. Os que integraram a tradição de pensamento herdeira de Saussure nunca admitiram que seu legado havia se transformado e se desintegrado em pós-estruturalismo. O termo pós-estruturalismo também nunca foi consensual entre os intelectuais, diferente do estruturalismo, e seus alegados integrantes nunca reivindicaram o título de pós- -estruturalistas. É difícil precisar quando o termo pós-estruturalismo foi cunhado, mas certamente ele ganhou força com a classificação feita por Perry Anderson em seu livro Nas trilhas do materialismo histórico.102 Com o olhar de um historiador marxista sobre a repercussão desses novos debates na historiografia, Perry Anderson classificou os herdeiros do estruturalismo como pós-estruturalistas. Seu livro é uma reflexão sobre os motivos do enfraquecimento do marxismo, enquanto matriz filosófica, entre os intelectuais da segunda metade do século XX. Perry Anderson nos indica que em todas as áreas de saber das humanidades, onde antes dominava o marxismo enquanto paradigma de pensamento, agora prosperava o estruturalismo e sua ingrata continuação, o pós-estruturalismo.

Mas em que medida o pós-estruturalismo se diferencia do estruturalismo? Como explicado anteriormente, o estruturalismo entende que a chave principal para a compreensão humana é a estrutura linguística. Ou seja, se é possível perceber uma estrutura geral que determina o funcionamento linguístico, é possível também compreender objetivamente e através da semiótica as sociedades humanas. Essa centralidade da linguagem como eixo fundamental de compreensão do mundo é a principal característica do pensamento estruturalista. O pós-estruturalismo é a radicalização desse aspecto. Para o pós-estruturalismo, a linguagem continua sendo o elemento central para compreensão das coisas, mas ao mesmo tempo ela não tem essa estrutura vislumbrada pelos estruturalistas, na verdade ela é desestruturada e idiossincrática. Essa radicalização que vai além das conclusões de Saussure é o que agrava os questionamentos nas Humanidades.

É difícil elencar os principais intelectuais do pós-estruturalismo em virtude das questões explicadas anteriormente. No entanto, três intelectuais, principalmente, são associados ao termo pós- -estruturalismo. O primeiro deles é o filósofo e linguista Jacques Derrida, que pensou e agravou os fundamentos linguísticos estruturalistas. Outro intelectual indissociável do pós-estruturalismo é o filósofo Michel Foucault e sua reflexão sobre o poder como estruturador do conhecimento também através da linguagem. Por fim, temos o filósofo Jean-François Lyotard com sua interpretação sobre a falência das metanarrativas.

A contribuição de Derrida para o debate pós-estruturalista é a radicalização da tese da centralidade linguística nos fenômenos humanos. Para Derrida, é só por meio da linguagem que se pode tentar compreender as coisas. O mundo e as coisas só existem para o intelectual na dimensão linguística. Com essa premissa, Derrida coloca em questão grande parte das conclusões intelectuais modernas, inclusive as interpretações históricas que partem do princípio de que existe uma realidade material para além do texto nas fontes históricas.103

Em Michel Foucault reside outra dimensão do agravamento da crítica sobre o conhecimento humano. Segundo esse autor, o paradigma de conhecimento científico, ou seja, o status das coisas como verdade, nas humanidades, é uma atitude legitimada primeiramente em função do poder e não em função de seus hipotéticos pressupostos científicos. Isso quer dizer que, em última instância, todo conhecimento é uma expressão de poder e uma forma de discurso. Para Foucault a ciência está para modernidade assim como a religião está para a Idade Média. Dessa maneira, é então possível colocar em xeque as bases do conhecimento científico e erodir o argumento de produção da verdade constituída pela linguagem.104

A questão acerca das metanarrativas é a terceira face da crítica pós-estruturalista. Mas o que são metanarrativas? Metanarrativa é um conceito produzido por Lyotard para definir e explicar a mecânica das filosofias da história. Para Lyotard, a narrativa histórica sempre conteve de maneira velada uma metanarrativa. Os estudos históricos modernos sempre pressupõem uma metanarrativa, que nada mais é que uma perspectiva teleo lógica do funcionamento da história, ou seja, uma narrativa que a partir do passado antecipa o futuro. No entanto, Lyotard alerta para o ceticismo com as metanarrativas e suas leis de funcionamento da história entre os intelectuais na segunda metade do século XX. Historiadores e outros intelectuais cada vez mais duvidaram do poder explicativo das metanarrativas. Esse acontecimento foi definido por Lyotard como a falência das metanarrativas.105

Fotografia preta e branca. Busto de homem de meia idade, cabelo branco curto. Usa camisa social preta por baixo de um terno e uma gravata estampada. Ao fundo há uma estante de livros desfocada.
FIGURA 5: Derrida.

É perceptível o impacto da filosofia francesa e suas reflexões nos estudos históricos que se seguiram após os anos 1960. Mas não foi só a filosofia francesa que impactou o debate sobre a linguagem. A filosofia anglo-saxã também produziu uma concepção própria de linguagem e seu funcionamento. Ludwig Wittgenstein106 e John Austin107 pensaram a pragmática linguística e desenvolveram a teoria dos atos da fala. Essa teoria que encontrou na linguagem a expressão das ações dos indivíduos que produzem enunciados foi também uma corrente que influenciou essa virada das humanidades, em direção à centralidade da linguística.

A tradição alemã de filosofia também deu sua contribuição à centralização da linguagem nas humanidades. O filósofo alemão Hans-Georg Gadamer publicou em 1960 o livro Verdade e método108 no qual faz uma leitura e sistematiza a hermenêutica como ferramenta de pesquisa. A hermenêutica não é uma novidade, ela está presente no trabalho do historiador desde o século XVIII. Mas o trabalho de Gadamer a atualiza e também traz o estudo narrativo como centro para qualquer pesquisa intelectual. A hermenêutica se torna então o acesso universal para a narrativa em Gadamer.

A virada linguística se tornou talvez o principal evento na história das ideias do século XX. Ela consiste exatamente nesse processo que foi aos poucos se tornando hegemônico. Rapidamente, os intelectuais se viram reféns dos limites impostos pela linguagem. A História, juntamente com os outros conhecimentos, não passaria imune aos desdobramentos linguísticos que emanavam da filosofia. Ao mesmo tempo em que se desenvolviam os debates filosóficos, a História ainda insistia em seu isolamento epistemológico, evitando a qualquer custo debater as questões e problemas da linguagem na produção do conhecimento. Mas, para desassossego dos historiadores, as coisas não ficaram assim.

Crise na história e pós-modernidade

Os anos 1960 foram o início de uma série de debates entre historiadores sobre o status epistemológico da disciplina. A primeira consequência da reflexão feita pelos filósofos e relatada no tópico anterior foi o ceticismo com a cientificidade do conhecimento histórico. Paul Veyne é o historiador que vai abrir esse processo. Em 1970 ele publica o livro Como se escreve a história.109 Nesse livro, munido da reflexão de Foucault, Veyne questiona a cientificidade da história e problematiza a epistemologia da produção do conhecimento histórico.

Em 1973, Hayden White publicou seu livro icônico chamado Meta-história,110 no qual propõe que o estudo da história deve ser compreendido como o estudo das formas narrativas e não dos conteúdos propostos pelos historiadores. Esse livro aprofunda de vez o que podemos entender como crise na história e foi ele que refigurou o entendimento do que é a teoria da história e também historiografia. Antes de sua publicação, a ideia de teoria da história estava ligada apenas à história como ciência social. A teoria da história era a forma de problematizar as concepções sociológicas e seus desdobramentos na compreensão dos movimentos históricos. A partir da publicação da obra de White, não seria mais possível um consenso sobre esse papel e lugar da teoria da história; ela acabaria mais sofisticada e também alcançaria um grau de importância nunca antes considerado pelos historiadores. White demonstrou que, ao lado da dimensão da pesquisa, da análise dos dados, há o elemento textual, o artefato literário que é a narrativa construída pelos historiadores, que, segundo ele, revela determinados padrões figurativos ou estilísticos. Esse elemento pré-figurativo e estrutural até então era desconsiderado pela maior parte dos historiadores. Revelar esse caráter ficcional de toda produção historiográfica, que em seu bojo traz aspectos retóricos e também o peso da imaginação, foi um golpe que gerou fortes reações.

Fotografia colorida. Busto de um homem de meia idade, cabelo liso curto. Está em pé segurando um microfone com a mão esquerda.  O braço direito está esticado apontando. Usa camisa social de cor azul marinho e blazer de cor caqui. Ao fundo há um retângulo branco com um texto escrito.
FIGURA 5: H. White.

O filósofo e crítico literário Roland Barthes foi outro intelectual que agravou a crise na história. Em seu livro O rumor da língua111, Barthes questiona a ideia dos historiadores de estarem descrevendo a realidade quando criam narrativas, e vai além, ao duvidar profundamente da certeza historiográfica de estar lidando com o acesso à realidade do passado através de fontes escritas. O ceticismo é o que dá o tom da reflexão de Barthes. O autor procura demonstrar que o artefato literário produzido pelos historiadores tem mais ficção do que supõem ou têm capacidade de controlar. Os efeitos do discurso são também ingredientes que não poderiam ser desprezados, em suas ambições e em suas restrições.

Outro intelectual que ajudou a aprofundar o debate sobre a epistemologia da história foi o filósofo e historiador Paul Ricoeur em sua obra monumental chamada Tempo e narrativa.112 Tal trilogia de livros é um debate sobre como exatamente a temporalidade afeta a narrativa histórica. O que fica evidente na obra de Ricoeur é que a temporalidade influencia os modos de narrar e essa dimensão temporal da narrativa não pode ser ignorada. Sendo assim, as análises historiográficas devem considerar as especificidades narrativas e temporais com as quais se defrontam. Essa inserção da problemática da temporalidade na narrativa histórica coloca ainda mais em dúvida a autoimagem dos historiadores e suas narrativas, pois evidencia a ausência de reflexão sobre a temporalidade nas narrativas, salvo exceções como Braudel e Koselleck.113

O livro A história repensada114, do historiador inglês Keith Jenkins, é outro capítulo da crise na história. Em seu pequeno ensaio, Jenkins desconstrói mitos que ainda persistiam entres historiadores no início dos anos 1990. O autor aponta a permanência de crenças historiográficas originadas no século XIX no discurso da História. Tais crenças eram a fé na veracidade das narrativas, a não problematização correta das fontes e a fé tardia na verdade científica do conhecimento histórico. Jenkins também questiona os modelos anunciados como novidades da história social. Esses modelos que tinham como matrizes filosofias da história do século XIX, tais como a escola metódica ou científica francesa e o marxismo. Em certa medida Jenkins denuncia a permanência da fé velada nas metanarrativas por parte dos historiadores e falta de disposição para debater, além da rejeição ao debate.

Três outros historiadores contribuem significativamente para aprofundar o debate sobre a crise na história. O primeiro deles é Roger Chartier, com seu pensamento sobre a ideia de representações. Chartier propôs a história apenas como representação, ou seja, não sendo mais um reflexo ideal do passado, mas apenas sua representação.115 O historiador holandês Frank Ankersmit também debateu a representação, mas, diferentemente de Chartier, sugeriu uma concepção menos otimista das representações questionando a história como uma representação possível da realidade.116 Por fim, o historiador Alun Munslow, que propôs uma aceitação radical da história como um modelo de narrativa literária – ainda que com especificidades –, mas apenas como um modelo literário. Munslow está propondo da desconstrução da própria concepção moderna de história.117

A ideia de crise foi coroada na virada da década de 1980 para a década de 1990. Nesse momento, quando ruía o Estado soviético e, com ele, boa parte da dimensão política real do marxismo, também se anunciava o fim da modernidade. Que ideia era essa? A princípio os intelectuais se viam até os anos 1980 como habitantes da modernidade. E esta se caracteriza como um momento histórico quando a ciência é produtora de verdade e também quando o homem se vê como agente ativo no processo histórico, ou seja, o homem acredita que pode narrar a história bem como fazê-la e transformá-la.

Em consequência de toda a reflexão filosófica acumulada desde o estruturalismo, passando pelo pós-estruturalismo e chegando à pragmática linguística, os intelectuais começaram a perceber que as premissas que caracterizavam a modernidade já não existiam. A ciência não era mais capaz de produzir verdades, assim como o homem percebia que a história e sua dinâmica escapavam; portanto, não era mais possível narrar nem fazer a história. Tratava-se de um momento radicalmente diferente do moderno, por isso foi chamado pós-modernidade.

Consequências de uma temporalidade pós-moderna

Nesse cenário, a possibilidade da dissolução completa da História começou a se tornar uma ameaça verdadeira e os historiadores se assustaram com o caminho que as coisas estavam seguindo. O fechamento da filosofia, de alguma maneira, contribuiu para tornar o processo mais agudo, pois em geral os historiadores ignoravam as críticas e, por conseguinte, não as respondiam. De maneira vagarosa o corpo teórico da história produziu respostas, ainda que indiretas à crise.

A primeira dessas respostas indiretas foi a história dos conceitos. Nascida em meados dos anos 1970 e idealizada pelo historiador alemão Reinhart Koselleck, a história dos conceitos é um exercício de semântica na pesquisa histórica. O ponto de partida do método da história dos conceitos é a pesquisa circunscrita a um conceito, sempre com ênfase em sua dimensão semântica e como esse conceito se transforma com o tempo. A centralidade linguística, aqui, é de alguma maneira contemplada, ainda que essa opção filosófica não esteja clara no projeto metodológico da história dos conceitos.118 Em alguma medida a história dos conceitos é um desdobramento do trabalho de Gadamer.

Fotografia preta e branca. Busto de homem de meia idade, cabelo branco curto.  Está sentado ao lado de uma mesa com as mãos juntas sobre ela. Usa blusa social branca por baixo de um terno preto e uma gravata listrada. Sobre a mesa está um livro aberto com um óculos em cima. Ao fundo há uma estante de livros.
FIGURA 7: R. Koselleck.

O cenário historiográfico anglo-saxão é o que mais se abriu à crítica imposta pela virada linguística. O historiador Quentin Skinner propôs a história das ideias como uma forma de lidar com a dimensão linguística.119 A reabilitação da retórica como objeto e o uso da teoria dos atos da fala é uma tentativa de resposta ao problema linguístico, ainda que executado de maneira tímida e conservadora, mas que recebeu contribuições efetivas com Dominick LaCapra120 ou Chaïm Perelman121.

Fotografia colorida. Cabeça de um homem de meia idade, cabelo liso curto. Usa óculos redondos de metal prateado e blusa social branca. Atrás há uma estante com livros.
FIGURA 8: Quentin Skinner.

A historiografia francesa foi a que mais resistiu às mudanças. Apesar de a maioria da reflexão linguística e filosófica ser de matriz francesa, a historiografia local não reagiu bem ao debate. Nos anos 1970, a ascensão da história das mentalidades, capitaneada pelo historiador Jacques Le Goff foi uma tentativa tardia de responder ainda às críticas do estruturalismo de Lévi-Strauss. Paralelamente se produziu na França um avanço nos estudos sobre memória. A história oral despontou como um campo historiográfico, no momento em que o saber histórico estava em xeque. Ao que parece, quando do maior questionamento sobre a veracidade histórica, os historiadores mais conservadores se refugiaram, metodologicamente, na história oral. É como se ainda tivessem esperanças na busca da verdade histórica e isso fosse possível de acontecer na história oral, que lida com fontes testemunhais e entrevistas. Contudo, percebeu-se rapidamente que memória não é o passado e tampouco é história – apesar de haver algum exagero nas narrativas oriundas da prática da história oral quanto a esse aspecto.122

O debate historiográfico nos anos 1990 tentou conduzir as questões em seus próprios termos para não se sujeitar à dinâmica do debate filosófico. De fato, os caminhos complexos da produção, reprodução e constante atualização da memória produziram muitas reflexões originais a partir dos anos 1960, entre elas a questão dos lugares de memória e de seus efeitos na construção e desconstrução de verdades estabelecidas. Igualmente importante foi o surgimento de teses revisionistas que colocaram em questão o Holocausto e produziram uma forte reação na França, capitaneada por Pierre Vidal-Naquet, que, em Assassinos da Memória123 coloca o imperativo não somente do direto, como do dever de memória. Tinha início um debate ainda hoje forte no campo da história, sobre o papel e a obrigação de recordar. Para o Estado ou para os grupos sociais, a memória se transformaria, com o dever de memória, em uma arma tão letal quanto a própria história. Aliás, o uso da memória em alguns tipos de estudos começou a tomar o próprio lugar da história na condição de um saber válido e mais próximo do real. Somente recentemente o esquecimento e sua necessidade voltaram a tomar lugar no rol desses estudos, sobretudo a partir das reflexões de Paul Ricoeur.124

Um dos efeitos interessantes na historiografia foi a virada ética. Os historiadores se agitaram sobre temas polêmicos, como a revolução francesa, a revolução russa, o holocausto, as ditaduras militares, etc. Esses temas nunca estiveram tão em voga quanto atualmente. A preocupação se tornou cada vez maior com a ética por trás de tais debates. Até que ponto é possível falar do holocausto sem chorar as vítimas? Como é possível ler as ditaduras militares sem endossar a condenação sumária e sem reflexão dos atores históricos envolvidos? A questão ética foi levantada como uma reação à questão estética, ou seja, a questão da forma.

De fato, uma das características evidentes da temporalidade pós-moderna é o avanço da problemática estética ou das formas. A própria virada linguística é uma expressão dessa característica. As Humanidades se deslocaram cada vez mais em direção aos dilemas estéticos, as formas da narrativa, as formas do texto, da linguagem. Ou seja, uma das características da temporalidade pós- -moderna é a estetização das coisas.

Outra característica é a possibilidade de relativizar as coisas. O ato de relativização não é novidade na historiografia. Ele está presente há muito tempo. O que mudou são os critérios para validar a relativização. Na pós-modernidade é possível relativizar as coisas sem a necessidade de um método para legitimar a relativização. A própria ideia de método histórico ruiu com o ceticismo sobre os resultados que esses métodos anunciavam. Não se trata, porém, de um relativismo selvagem, sem regras. Apenas ficou possível questionar coisas, antes inquestionáveis. Por exemplo: a sociedade é dividida entre classes? Se sim, como e quando? Há rastros?

A micro-história proposta pelo historiador italiano Carlo Ginzburg é uma das possibilidades que surgiram como reação ao avanço da virada linguística nos estudos históricos. Ginzburg propõe um abandono da concepção científica newtoniana – que é mais ortodoxa – em função de uma concepção científica galileana – menos ortodoxa e mais próxima do trabalho do historiador. A objetividade do estudo da história permaneceria, mas estaria modificada e mais leve. Reduzir a escala de análise trouxe de volta aos historiadores a questão da cultura popular, mas sobretudo da dinâmica e da autonomia dos indivíduos em face das coletividades. A abordagem hermenêutica de Ginzburg procura reencontrar os sentimentos e as sensibilidades para a história, com narrativas envolventes que prendessem os leitores.125

Fotografia preta e branca. Busto de homem de meia idade, cabelo branco curto. Usa óculos redondo de metal, blusa branca social por baixo de um suéter e um blazer.
FIGURA 9: Carlo Ginzburg.

Cabe ainda destacar duas características fundamentais da temporalidade pós-moderna que afetam diretamente o trabalho do historiador. A primeira delas é a expansão do conceito de fonte histórica. Para além da iconografia, já tradicional, e dos documentos não oficiais, a história agora conta com um arsenal de fontes antes tidas como irrelevantes: desenho animado, história em quadrinhos, poesia, literatura, cinema, música, etc. A segunda característica é o questionamento do cânone. Atualmente, não necessariamente, uma pesquisa se legitima pelo peso da bibliografia teórica. Não só os clássicos devem ser considerados, de forma que trabalhos sem muita repercussão teórica são aceitos como referência para a pesquisa.

Conclusão: uma nova temporalidade

Como visto neste capítulo, a forma de compreender o mundo se alterou na temporalidade pós-moderna. Dessa maneira, a própria forma de se fazer e se aprender com a história se alterou. Uma dessas mudanças, e talvez a mais fundamental, foi a alteração da percepção sobre o tempo.

Durante a Idade Média também havia uma temporalidade específica. O tempo do homem medieval é o tempo da Bíblia. O tempo bíblico é o tempo de Deus e não do homem. De forma que a História já está narrada no livro sagrado. O passado já está lá, bem como o futuro. A História não pode ser narrada, pois já foi e, portanto, não pode também ser transformada, pois o futuro já está previsto. Qual é o papel da história então? A História deve ser um estudo das boas ações no mundo e assim os homens devem aprender com as boas ações para não repetirem os erros do passado. Porém isso não altera o curso da história, que já está relatada e prevista.

A modernidade rompeu com isso. Ela permitiu ao homem a narrativa da história e a expectativa de transformar o futuro. Mas para isso era necessário entender as leis de funcionamento da história, pois, já que elas não pertenciam mais a Deus, elas deviam então ser descobertas pelos homens, para, assim, utilizá-las em proveito do futuro e poder mudar o rumo das coisas. O futuro era um futuro bom, justo e transformado pelo homem.

A pós-modernidade encarna o ceticismo quanto a esses dois modelos. O homem não mais acredita na sua narrativa, nem na sua capacidade de transformação do mundo. O homem também não é mais otimista com o futuro, que se tornou o lugar da incerteza. Portanto, a reflexão histórica está modificada radicalmente. Ainda assim, não significa o fim do conhecimento histórico. Significa, sim, o fim da História como matriz disciplinar e com método único. Todavia, o conhecimento histórico continuará sendo produzido. Por historiadores ou não. A especulação historiográfica permanece na aridez intelectual da pós-modernidade.

Recentemente algumas questões tomaram de assalto os debates historiográficos. Elas são angulares para se pensar a centralidade da Teoria da História e o futuro da própria História. A primeira se relaciona com a expansão do negacionismo. Na verdade, a expansão das redes sociais e da difusão de informações por meio da internet ensejou o uso de notícias falsas (fake news) e falácias científicas que também afetam a história. Negar o Holocausto, o genocídio indígena, a Ditadura Militar ou o legado da escravização dos negros no Brasil se tornou algo comum. Isso nos conduz a outra questão fundamental localizada na distinção que Hayden White fez entre passado histórico (produzido e controlado pelos historiadores profissionais) e o passado prático (formas do passado vazadas perante a opinição pública por não especialistas e que às vezes entram em choque com as interpretações históricas consagradas). Esse problema está relacionado com as formas de divulgação histórica para diferentes públicos e os usos que são feitos do passado, que indicam, para além do ceticismo e da desvalorização do conhecimento histórico na atualidade, que a história disciplinar não possui o monopólio sobre o passado. Em vista disso ampliaram-se as discussões acerca da História Pública - um campo de pesquisa e trabalho que surgiu nos Estados Unidos - e que se ocupa de pensar os lugares, as linguagens, e os espaços de intervenção e atuação dos historiadores fora da universidade e dos centros de pesquisa. Numa época de intensos revisionismos e negacionismos, o papel ético e político dos historiadores não deve ser desprezado. Por fim as assimetrias históricas e os episódios de violência têm tematizado pesquisas sobre os passados traumáticos, também conhecidos como passados-presentes ou passados que não passam.

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Jean-François Lyotard (1924-1998) foi um filósofo francês e um dos mais importantes pensadores na discussão sobre a pós-modernidade. Autor dos livros A Fenomenologia (1954), A Condição Pós-Moderna (1979) e O Inumano (1985). [Ver no texto]
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Cf. RICOEUR, Paul. Tempo e narrativa. Campinas: Papirus, 1997. 3 v. [Ver no texto]
95
Cf. CHARTIER, R. Uma crise da História? A História entre Narração e Conhecimento. In: PESAVENTO, Sandra J. Fronteiras do Milênio. Porto Alegre: UFRGS, 2001. [Ver no texto]
96
REIS, José Carlos. A história, entre a filosofia e a ciência. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2004. [Ver no texto]
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Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900) foi um filósofo alemão de grande influência no ocidente. Ele escreveu vários textos críticos sobre a religião, a moral, a cultura contemporânea, filosofia e ciência. Entre suas principais obras podemos citar: O Nascimento da Tragédia (1872); Considerações Inatuais (1873-1876); Humano demasiado Humano (1878 – refere-se ao rompimento com Wagner e seu distanciamento de Schopenhauer); Aurora (1881 – onde aparecem teses fundamentais de seu pensamento); Gaia Ciência (1882 – promete um novo destino para a humanidade); Assim falou Zaratustra (1883); Além do Bem e do Mal (1886); A Genealogia da Moral (1887). [Ver no texto]
98
Cf. JENKINS, K. A história repensada. Tradução de Mario Vilela. São Paulo: Contexto, 2004. [Ver no texto]
99
SAUSSURE, Ferdinand de et al. Curso de linguística geral. 20. ed. São Paulo: Cultrix, 1997. [Ver no texto]
100
Cf. REIS, João Carlos. A história entre a filosofia e a ciência. São Paulo: Ática, 1992. [Ver no texto]
101
LEVI-STRAUSS, Claude. O pensamento selvagem. São Paulo: Nacional: Edusp, 1970 [Ver no texto]
102
ANDERSON, Perry. Considerações sobre o marxismo ocidental: nas trilhas do materialismo histórico. São Paulo: Boitempo, 2004. [Ver no texto]
103
Cf. DERRIDA, Jacques. A escritura e a diferença. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 2002. [Ver no texto]
104
FOUCAULT, M. A Ordem do Discurso. 3 ed. São Paulo: Loyola, 1996. [Ver no texto]
105
LYOTARD, Jean-François. A condição pós-moderna. 5. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1998. [Ver no texto]
106
Ludwig Josef Johann Wittgenstein (1889-1951), austríaco naturalizado britânico, foi um pensador da modernidade, filósofo da matemática, integrante do Círculo de Viena e contribuiu para a renovação da Lógica na década de 1920, sendo considerado um dos pais da filosofia analítica. [Ver no texto]
107
Intelectual inglês (1911-1960) é considerado o filósofo da linguagem responsável pelo desenvolvimento de uma grande parte da atual teoria dos atos de discurso. Filiado à linha da Filosofia Analítica, interessou-se pelo problema do sentido em filosofia e foi o principal discípulo de Ludwig Wittgenstein. A língua é analisada, por Austin, no seio do seu uso e, nomeadamente, nas relações sociais, das quais ela emerge e nas quais se modifica. [Ver no texto]
108
GADAMER, Hans-Georg. Verdade e método. 6. ed. Petrópolis: Vozes; Bragança Paulista: Universitária São Francisco, 2005. [Ver no texto]
109
VEYNE, Paul. Como se escreve a história. Lisboa: Ed. 70, 1983. [Ver no texto]
110
WHITE, Hayden. Meta-história: a imaginação histórica do século XIX. 2. ed. São Paulo: Edusp, 1995. [Ver no texto]
111
ARTHES, Roland. O rumor da língua. Lisboa: Ed. 70, 1984. [Ver no texto]
112
RICOEUR, Paul. Tempo e narrativa. Campinas: Papirus, 1995. [Ver no texto]
113
Fernand Braudel problematizou e propôs uma teoria geral da temporalidade histórica, e Koselleck imaginou a história sempre como uma expressão narrativa de como o homem entende o funcionamento do tempo na história. [Ver no texto]
114
JENKINS, Keith. A história repensada. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2007. [Ver no texto]
115
HARTIER, R. Uma crise da História? A História entre narração e conhecimento. In: PESAVENTO, Sandra J. Fronteiras do Milênio. Porto Alegre: UFRGS, 2001. [Ver no texto]
116
ANKERSMIT, Frank R. Historicismo. Pós-Modernismo e Historiografia. In: MALERBA, Jurandir. A história escrita: teoria e história da historiografia. São Paulo: Contexto, 2006. p. 95-112. [Ver no texto]
117
MUNSLOW, Alun. Desconstruindo a História. Petropólis: Vozes, 2009. [Ver no texto]
118
KOSELLECK, R. Uma História dos Conceitos: problemas teóricos e práticos. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 5, n. 10, 1992, p. 134-146. [Ver no texto]
119
SKINNER, Quentin. As fundações do pensamento político moderno. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. [Ver no texto]
120
CF. LACAPRA, Dominick. Rethinking intellectual history; texts, contexts, language. 2. ed. Ithaca: Cornell University Press, 1985. [Ver no texto]
121
PERELMAN, Chaïm; OLBRECHTS-TYTECA, Lucie. Tratado da Argumentação – A Nova Retórica. São Paulo: Martins Fontes, 1996. [Ver no texto]
122
FERREIRA, M. M.; AMADO, J. (Org.). Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1998. [Ver no texto]
123
VIDAL-NAQUET. Pierre. Os Assassinos da Memória. Campinas: Papirus, 1988. [Ver no texto]
124
Cf. RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Campinas: Editora da Unicamp, 2000. [Ver no texto]
125
GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes: o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela Inquisição. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. [Ver no texto]
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